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A moça da sapatilha amarela
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A moça da sapatilha amarela
Seu Tobias era aposentado da marinha da cidade de Corumbá, e ainda aos sessenta anos exercia diariamente o ofício de sapateiro, pois assim o seu falecido pai o ensinou.
A sapataria ficava em meio as lojas de roupas, barbearias e botecos na rua Dom Aquino. E na rua Dom Aquino, umas das poucas ruas comerciais de Corumbá também ficava o Cemitério da cidade.
A rotina do seu Tobias começava cedo, por volta das oito horas já estava aberta a sapataria. Seus companheiros militares sempre o visitavam para trocar um dedinho de prosa.Dia desses em uma quarta-feira um senhor apareceu na sapataria, com a expressão muito entristecida e assim falou:
- Bom dia seu Tobias! Vim deixar esse par de sapatilhas amarelas da minha neta!
- Bom dia ,pode deixar ai no cantinho, atrás da sandália vermelha. Qual é o problema dessa sapatilha?
- O solado tá escapando, a minha neta gosta muito de usar essa sapatilha, ela tem outras, mas só usa essa.
-Entendi, eu só vou consertar essa botina do véio Alfonso e já ajeito a sapatilha.
- Seu Tobias, o senhor pode consertar o mais rápido possível?!
- Com certeza, até a sexta-feira já está ''nos trinques''.
- Combinado então, na sexta eu venho buscar.
As botinas do véio Alfonso precisaram de muita mão de obra do seu Tobias, pois Alfonso era Mestre de obras da cidade de Ladário e sempre tinha de ir para lá, quase não tinha tempo de sair para fazer compras.
Mas já na sexta -feira seu Tobias consertara a sapatilha e bem de tardinha o velhiho fora buscar.
- Tarde! Vim pegar o sapato da minha menina!
- Ôpa, tá tudo certo! Pode levar, esse solado não escapa mais.
- Muito obrigado seu Tobias, ela quer usar essa sapatilha. Que Deus ilumine o senhor.
- Eu que agradeço, a confiança! Até mais.
Tobias foi fechar a sapataria por volta das sete da noite, trancou as portas, passou o cadeado e pegou sua bicicleta, porque o médico recomendou que fizesse exercícios por causa de seu joelho.
Ele montou na bicicleta e atentou-se para atravessar a rua quando viu uma jovem no ponto de ônibus, chorando e enxugando suas lágrimas com a barra de seu casaquinho. Tobias aproximou-se dela e questionou por que estava chorando, ela soluçando respondeu que estava muito triste porque sua família estava chorando e que ela gostaria muito de estar com eles naquele momento mas não podia.
Ele pensou ''Essa menina tá fugida de casa, só pode!''
- Onde você mora, eu te levo!
- Não moço, só vou sofrer mais ainda!
- Menina, sua família te ama, vamos logo.
- O senhor me deixa na porta de casa?
- Deixo sim, me fala onde você mora?
- Moro ali na rua Marechal Deodoro, número 741.
- Sei onde é, é rua pra minha casa.Sobe ai.
Tobias notou que a menina usava sapatilhas semelhantes aquelas que um senhor havia deixado para consertar, mas seu Tobias não era muito detalhista, sua memória sempre o deixava na mão...
Ele deixou a moça no portão da casa dela. Ela ainda chorando, agradeceu a carona e disse:
- Muito obrigada, o senhor foi muito gentil! Não me esquecerei dessa gentileza.
- Não precisa agradecer não, moça. Fiz com muito gosto, você se parece com minha neta que completará quinze anos em junho.
- Mande meus parabéns a aniversariante, sei que ainda tem alguns meses pela frente, mas diga à ela para aproveitar todos os dias de sua vida.
A moça disse essas sinceras palavras e caminhou até a entrada de sua casa. Tobias montou na bicicleta, olhou para trás e não viu mais a menina. ''Que bom que ela já entrou, agora está segura com sua família.''
No dia seguinte, ele passou em frente a casa da menina, e viu o velhinho saindo, e foi cumprimentá-lo.
- Bom dia! E a moça? dormiu bem?
- Moça? O senhor deve estar enganado! Não tem mais nenhuma moça aqui nessa casa! A única menina que morava aqui era Camila que faleceu na quinta-feira.
Tobias ficou pálido. ''Mas eu conversei com ela ontem'' pensou.
- Aquela sapatilha que eu deixei na sua loja era para que usasse em seu caixão, foi presente meu quando ela entrou para adolescência.
Tobias não sabia o que dizer nem o que pensar...
- Eu sinto muito!
- Tudo bem, agora tenho de ir.
O véio Tobias nunca entendeu o que acontecera naquela noite, mas todos os dias ao cair da noite, ele avistava a menina caminhando pelas proximidades de sua loja.
(Essa estória foi contada por um avô que queria assustar seus netinhos para que não corressem desenbestados pela rua Dom Aquino de noite!)
A sapataria ficava em meio as lojas de roupas, barbearias e botecos na rua Dom Aquino. E na rua Dom Aquino, umas das poucas ruas comerciais de Corumbá também ficava o Cemitério da cidade.
A rotina do seu Tobias começava cedo, por volta das oito horas já estava aberta a sapataria. Seus companheiros militares sempre o visitavam para trocar um dedinho de prosa.Dia desses em uma quarta-feira um senhor apareceu na sapataria, com a expressão muito entristecida e assim falou:
- Bom dia seu Tobias! Vim deixar esse par de sapatilhas amarelas da minha neta!
- Bom dia ,pode deixar ai no cantinho, atrás da sandália vermelha. Qual é o problema dessa sapatilha?
- O solado tá escapando, a minha neta gosta muito de usar essa sapatilha, ela tem outras, mas só usa essa.
-Entendi, eu só vou consertar essa botina do véio Alfonso e já ajeito a sapatilha.
- Seu Tobias, o senhor pode consertar o mais rápido possível?!
- Com certeza, até a sexta-feira já está ''nos trinques''.
- Combinado então, na sexta eu venho buscar.
As botinas do véio Alfonso precisaram de muita mão de obra do seu Tobias, pois Alfonso era Mestre de obras da cidade de Ladário e sempre tinha de ir para lá, quase não tinha tempo de sair para fazer compras.
Mas já na sexta -feira seu Tobias consertara a sapatilha e bem de tardinha o velhiho fora buscar.
- Tarde! Vim pegar o sapato da minha menina!
- Ôpa, tá tudo certo! Pode levar, esse solado não escapa mais.
- Muito obrigado seu Tobias, ela quer usar essa sapatilha. Que Deus ilumine o senhor.
- Eu que agradeço, a confiança! Até mais.
Tobias foi fechar a sapataria por volta das sete da noite, trancou as portas, passou o cadeado e pegou sua bicicleta, porque o médico recomendou que fizesse exercícios por causa de seu joelho.
Ele montou na bicicleta e atentou-se para atravessar a rua quando viu uma jovem no ponto de ônibus, chorando e enxugando suas lágrimas com a barra de seu casaquinho. Tobias aproximou-se dela e questionou por que estava chorando, ela soluçando respondeu que estava muito triste porque sua família estava chorando e que ela gostaria muito de estar com eles naquele momento mas não podia.
Ele pensou ''Essa menina tá fugida de casa, só pode!''
- Onde você mora, eu te levo!
- Não moço, só vou sofrer mais ainda!
- Menina, sua família te ama, vamos logo.
- O senhor me deixa na porta de casa?
- Deixo sim, me fala onde você mora?
- Moro ali na rua Marechal Deodoro, número 741.
- Sei onde é, é rua pra minha casa.Sobe ai.
Tobias notou que a menina usava sapatilhas semelhantes aquelas que um senhor havia deixado para consertar, mas seu Tobias não era muito detalhista, sua memória sempre o deixava na mão...
Ele deixou a moça no portão da casa dela. Ela ainda chorando, agradeceu a carona e disse:
- Muito obrigada, o senhor foi muito gentil! Não me esquecerei dessa gentileza.
- Não precisa agradecer não, moça. Fiz com muito gosto, você se parece com minha neta que completará quinze anos em junho.
- Mande meus parabéns a aniversariante, sei que ainda tem alguns meses pela frente, mas diga à ela para aproveitar todos os dias de sua vida.
A moça disse essas sinceras palavras e caminhou até a entrada de sua casa. Tobias montou na bicicleta, olhou para trás e não viu mais a menina. ''Que bom que ela já entrou, agora está segura com sua família.''
No dia seguinte, ele passou em frente a casa da menina, e viu o velhinho saindo, e foi cumprimentá-lo.
- Bom dia! E a moça? dormiu bem?
- Moça? O senhor deve estar enganado! Não tem mais nenhuma moça aqui nessa casa! A única menina que morava aqui era Camila que faleceu na quinta-feira.
Tobias ficou pálido. ''Mas eu conversei com ela ontem'' pensou.
- Aquela sapatilha que eu deixei na sua loja era para que usasse em seu caixão, foi presente meu quando ela entrou para adolescência.
Tobias não sabia o que dizer nem o que pensar...
- Eu sinto muito!
- Tudo bem, agora tenho de ir.
O véio Tobias nunca entendeu o que acontecera naquela noite, mas todos os dias ao cair da noite, ele avistava a menina caminhando pelas proximidades de sua loja.
(Essa estória foi contada por um avô que queria assustar seus netinhos para que não corressem desenbestados pela rua Dom Aquino de noite!)
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