Procurar
Últimos assuntos
Quem está conectado?
Há 97 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 97 visitantes Nenhum
[ Ver toda a lista ]
O recorde de usuários online foi de 304 em Sex Nov 22, 2024 8:20 pm
É santo André, oba!
Página 1 de 1
É santo André, oba!
Há 6 anos escrevi este texto para o jornal virtual da faculdade. É uma história verídica e espero que gostem.
É Santo André, oba!
Quando eu tinha oito ou nove anos, meu pai nos levava, a mim e a meus irmãos, ao Estádio Bruno José Daniel para assistir aos jogos de futebol. Para quem não sabe, este é o estádio de Santo André, cidade onde nasci. Eu, meu irmão mais novo e meu pai torcíamos frenética e apaixonadamente pelo time até a mais completa rouquidão, aos gritos de "É Santo André, oba! É Santo André, oba!", nas arquibancadas do velho Brunão. Na verdade, apesar de ser uma criança tão tímida e franzina, que sempre falava baixo e não pronunciava sequer um palavrão, minha especialidade era xingar o juiz. Até os mais experientes torcedores ficavam boquiabertos, ouvindo tamanhas barbaridades na boca daquela delicada menininha. Minha irmã, que devia ter uns onze ou doze anos e sempre foi do contra, gostava de torcer pelos times que tinham jogadores bonitos, como o Grêmio, onde jogava o Renato Gaúcho: coisas de pré-adolescente, que, na época, eu ainda não entendia. Reflexo da incompreensão dos demais torcedores andreenses eram as dezenas de copos descartáveis, cheios de cascas de amendoim e água, que desabavam sobre nossas cabeças, por culpa dela.
Qual não é minha surpresa ao ver que, depois de tanta torcida e de tantos anos, o time da cidade, o Santo André, seria o campeão da Copa do Brasil. Essa vitória justamente sobre o Flamengo (olha a rixa paulistas x cariocas aí!...), no dia 30 de junho, despertou recordações deliciosas da minha infância. Apesar de achar que meu pai ficará furioso, eu vou contar uma das minhas preferidas, vou arriscar: assistíamos a um jogo, não me lembro contra quem – eu, meu irmão e meu pai. Gritávamos desesperadamente o nosso já citado e, reconheço, ridículo, grito de guerra andreense, quando, de repente, ZUM! Algo passa voando na minha frente e cai em algum lugar, entre os torcedores. Meu pai, com a mão na boca, olhando para baixo e empurrando as pessoas, procurava afobado alguma coisa. Ele dizia o que procurava, mas o som era abafado pela mão que lhe tapava a boca e pelos gritos da torcida. Foi quando ele olhou para mim, tirou a mão da boca e disse: "Minha dentadura! Caiu no ralo!" Eu e meu irmão nos contorcíamos de rir, olhando para o chão e para a boca desdentada. Alguns desconhecidos, solidários com a tragédia particular de meu pai, tentavam, com toda a força, retirar a grade que cobria o ralo, o que era bastante difícil.
Pelo que me lembro, conseguiram "pescar" a dentadura com um palito de churrasco. O mais engraçado foi a cara satisfeita do meu pai, pegando sua dentadura, colocando novamente na boca, abrindo um enorme e satisfeito sorriso e recomeçando, um pouco mais cauteloso: "É Santo André, oba!". Que nojo!
Em nome dos velhos tempos de fiel torcedora, dedico este texto ao Santo André e o parabenizo pelo título conquistado. "Conquistado" não é a palavra correta, já que foi praticamente arrancado das mãos dos flamenguistas, que já consideravam o título ganho. Parafraseando, com algumas alterações, nosso querido Vinícius de Moraes: os cariocas que me perdoem, mas em matéria de futebol, ser paulista é fundamental.
É Santo André, oba!
Quando eu tinha oito ou nove anos, meu pai nos levava, a mim e a meus irmãos, ao Estádio Bruno José Daniel para assistir aos jogos de futebol. Para quem não sabe, este é o estádio de Santo André, cidade onde nasci. Eu, meu irmão mais novo e meu pai torcíamos frenética e apaixonadamente pelo time até a mais completa rouquidão, aos gritos de "É Santo André, oba! É Santo André, oba!", nas arquibancadas do velho Brunão. Na verdade, apesar de ser uma criança tão tímida e franzina, que sempre falava baixo e não pronunciava sequer um palavrão, minha especialidade era xingar o juiz. Até os mais experientes torcedores ficavam boquiabertos, ouvindo tamanhas barbaridades na boca daquela delicada menininha. Minha irmã, que devia ter uns onze ou doze anos e sempre foi do contra, gostava de torcer pelos times que tinham jogadores bonitos, como o Grêmio, onde jogava o Renato Gaúcho: coisas de pré-adolescente, que, na época, eu ainda não entendia. Reflexo da incompreensão dos demais torcedores andreenses eram as dezenas de copos descartáveis, cheios de cascas de amendoim e água, que desabavam sobre nossas cabeças, por culpa dela.
Qual não é minha surpresa ao ver que, depois de tanta torcida e de tantos anos, o time da cidade, o Santo André, seria o campeão da Copa do Brasil. Essa vitória justamente sobre o Flamengo (olha a rixa paulistas x cariocas aí!...), no dia 30 de junho, despertou recordações deliciosas da minha infância. Apesar de achar que meu pai ficará furioso, eu vou contar uma das minhas preferidas, vou arriscar: assistíamos a um jogo, não me lembro contra quem – eu, meu irmão e meu pai. Gritávamos desesperadamente o nosso já citado e, reconheço, ridículo, grito de guerra andreense, quando, de repente, ZUM! Algo passa voando na minha frente e cai em algum lugar, entre os torcedores. Meu pai, com a mão na boca, olhando para baixo e empurrando as pessoas, procurava afobado alguma coisa. Ele dizia o que procurava, mas o som era abafado pela mão que lhe tapava a boca e pelos gritos da torcida. Foi quando ele olhou para mim, tirou a mão da boca e disse: "Minha dentadura! Caiu no ralo!" Eu e meu irmão nos contorcíamos de rir, olhando para o chão e para a boca desdentada. Alguns desconhecidos, solidários com a tragédia particular de meu pai, tentavam, com toda a força, retirar a grade que cobria o ralo, o que era bastante difícil.
Pelo que me lembro, conseguiram "pescar" a dentadura com um palito de churrasco. O mais engraçado foi a cara satisfeita do meu pai, pegando sua dentadura, colocando novamente na boca, abrindo um enorme e satisfeito sorriso e recomeçando, um pouco mais cauteloso: "É Santo André, oba!". Que nojo!
Em nome dos velhos tempos de fiel torcedora, dedico este texto ao Santo André e o parabenizo pelo título conquistado. "Conquistado" não é a palavra correta, já que foi praticamente arrancado das mãos dos flamenguistas, que já consideravam o título ganho. Parafraseando, com algumas alterações, nosso querido Vinícius de Moraes: os cariocas que me perdoem, mas em matéria de futebol, ser paulista é fundamental.
ptiberio- Junior
-
Número de Mensagens : 61
Idade : 52
Q.I. : 83
Reputação : 23
Data de inscrição : 13/05/2010
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Seg Fev 25, 2019 4:58 pm por joyfelixx
» Quem leu A Cabana de William P. Young??
Dom Abr 26, 2015 1:01 pm por Everton Marques Ribas
» Dicas de Leitura para mim
Qui Nov 06, 2014 3:53 pm por amelieS
» Erica Cardoso
Qui Jul 31, 2014 9:44 pm por Erica Cardoso
» MEU LIVRO DE AEROMODELISMO
Seg Jul 21, 2014 8:56 pm por yoda
» [AD]Ma3x MU Online Season 7,Experience 10&15x NO RESET!
Dom maio 18, 2014 4:32 pm por jacklin
» AMIGOS TOTALMENTE DIFERENTES (blog)
Sáb Fev 15, 2014 10:11 pm por jorge2009sts
» BENÇÃO OU MALDIÇÃO: FESTA DE DEBUTANTE (cap. final)
Sex Fev 07, 2014 11:18 pm por jorge2009sts
» BENÇÃO OU MALDIÇÃO: FESTA DE DEBUTANTE (cap. 5)
Sex Fev 07, 2014 10:31 pm por jorge2009sts
» BENÇÃO OU MALDIÇÃO: FESTA DE DEBUTANTE (cap. 4)
Sex Fev 07, 2014 10:30 pm por jorge2009sts