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Esperto demais se atrapalha
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Esperto demais se atrapalha
Eu saí do apartamento da minha namorada que morava no bairro do Catete. O mesmo bairro que ficava o palácio do governo federal no Rio antes de se transferir para Brasília em 1960. Por coincidência ou razão do destino, a rua onde ela morava dava em frente ao palácio. Se aquelas paredes falassem, muitos mandariam derrubá-las para mantê-las de “boca fechada”.
Como disse antes, saí do apartamento dela no domingo à noite, depois de ter passado dois dias, quase três na companhia dela. Quando a gente fica com a pessoa amada, as horas sentam em uma moto de competição e corre como uma desesperada, como se fosse tirar o pai da forca. Expressão esta, que meu pai usava muito quando estávamos apressados em fazer algo.
O amor nos faz coisas que em nosso momento normal não nos atreveríamos fazer. Eu a estava namorando há três e gostosos anos. Isso me fazia não esquentar muito com a distância, pois da minha casa até ao apartamento dela não dava menos do que 60 quilômetros. Por causa disso, tenho que pegar dois ônibus para ter o prazer de vê-la ao meu lado e mais dois para voltar ao conforto do lar. É por este motivo que na maioria das vezes, quase sempre, ficava com ela na sexta-feira após a saída da faculdade, onde estudávamos, e só retornava no domingo à noite, quase madrugada, para casa.
Segunda-feira eu tinha que ir para o trabalho cedo, para no final de semana fazer a mesma coisa que relatei acima. Muitos me falavam sobre o perigo de assalto nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Pensei comigo, se eu ficasse pensando nisto, jamais sairia de casa. Durante os três anos que fiz este vai e vem, jamais fui assaltado. Imagine eu, levar a sério tudo que dizem, estaria hoje com síndrome do pânico.
Foi numa destas idas para casa que eu assisti uma das coisas mais fantásticas contra aqueles espertinhos aproveitadores de pobres coitados que esperam o ônibus no ponto.
Um indivíduo veio em minha direção com um pedaço de madeira quadrado segurando em uma das mãos, como se fosse um garçom e com a outra mão ele manipulava três forminhas de metal de fazer empadinhas. Manipulava com uma agilidade espetacular. Os dedos sambavam sobre as forminhas, onde uma delas tinha uma bolinha que passava de uma para a outra.
-Quer tentar a sorte, parceiro? – disse ele sorrindo, com cara de primeiro otário da noite.
Não sei porque veio em minha mente uma frase que minha mãe dizia, sempre que lembrava do pai dela.
-Filho, seu avô sempre dizia... Quem aposta come bosta!
-Não, obrigado! – respondi assim que minha lembrança se dissipou de minha mente.
-Só uma!
-Obrigado, mas não!
Ele não gostou de minha atitude e ficou ali parado em um canto chamando quem quisesse tentar a sorte, como ele mesmo dizia. Um homem moreno apareceu, apostou e ganhou.
-É amigo! Você está com sorte hoje!
Eu percebi, que aquele cara era conhecido e chamariz de otários, pois ele antes do indivíduo das forminhas tentar me convidar, já nos olhava atento.
O jogo era a coisa mais perigosa para aquele que nunca jogou, pois se alguém ver que uma pessoa ganhou, à vontade dos demais de se arriscar começava a crescer também. O tal cara ganhou mais duas vezes.
-Puxa! Assim você irá quebrar a banca. – “reclamou” o manipulador.
Depois disso já havia oito caras que largaram o ponto do ônibus e foram se arriscar. Daí em diante só se viu derrotas pós-derrotas dos demais, enquanto o suposto ganhador anterior saiu a francesa.
De repente um homem com um terno escuro desceu de um ônibus que vinha do centro da cidade e ficou do meu lado também olhando a jogatina. Ele ficou ali uns vinte minutos só espreitando o manipulador de sortes alheias.
O dono da banca já estava recheando os bolsos com o dinheiro dos trabalhadores. O sorriso dele me incomodava, pois eu sabia que estava enganando os olhos dos clientes com a velocidade que manipulava as forminhas.
O homem do terno se aproximou depois que todos os demais haviam perdido mais do que deveriam gastar.
-Pena! Vocês não estão com sorte! Bem, eu já vou indo!
-Espere! – disse o cara do terno. – Eu gostaria de fazer uma aposta!
Depois que ele disse isso, eu resolvi me aproximar.
-Mas eu já parei!
-Ué? Não quer ganhar um dinheiro forte?
Quando o indivíduo do terno pronunciou dinheiro forte, os olhos do manipulador saltaram as órbitas.
-Quanto?
-Quanto você tem em seu bolso?
O cara pegou o bolo de dinheiro e contou:
-Trezentos reais! – disse ele.
-Eu cubro! Aposto mais trezentos!
Quando dei uma olhada em meu lado, havia uma multidão de curiosos.
-O jogo é o seguinte... – E explicou como se jogava.
-Certo! Você aí! – apontou para mim.
-Sim?
-Segure a grana! Põe nas mãos dele o trezentos reais.
Eu fiquei com seiscentos reais na mão, enquanto o cara movia com ambição as forminhas.
-PARE! – disse o cara do terno segurando a mão do indivíduo.
-Qual o senhor quer levantar?
-Nenhuma! Abre a mão, pois a bolinha está nela.
Conclusão: o cara do terno escuro saiu dali com mais trezentos reais, a banca foi quebrada em uma só jogada e eu retornei para casa feliz da vida por mais um espertinho sem dinheiro. Com esta brincadeira, deixei passar cinco ônibus, mas não me arrependo.
Como disse antes, saí do apartamento dela no domingo à noite, depois de ter passado dois dias, quase três na companhia dela. Quando a gente fica com a pessoa amada, as horas sentam em uma moto de competição e corre como uma desesperada, como se fosse tirar o pai da forca. Expressão esta, que meu pai usava muito quando estávamos apressados em fazer algo.
O amor nos faz coisas que em nosso momento normal não nos atreveríamos fazer. Eu a estava namorando há três e gostosos anos. Isso me fazia não esquentar muito com a distância, pois da minha casa até ao apartamento dela não dava menos do que 60 quilômetros. Por causa disso, tenho que pegar dois ônibus para ter o prazer de vê-la ao meu lado e mais dois para voltar ao conforto do lar. É por este motivo que na maioria das vezes, quase sempre, ficava com ela na sexta-feira após a saída da faculdade, onde estudávamos, e só retornava no domingo à noite, quase madrugada, para casa.
Segunda-feira eu tinha que ir para o trabalho cedo, para no final de semana fazer a mesma coisa que relatei acima. Muitos me falavam sobre o perigo de assalto nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Pensei comigo, se eu ficasse pensando nisto, jamais sairia de casa. Durante os três anos que fiz este vai e vem, jamais fui assaltado. Imagine eu, levar a sério tudo que dizem, estaria hoje com síndrome do pânico.
Foi numa destas idas para casa que eu assisti uma das coisas mais fantásticas contra aqueles espertinhos aproveitadores de pobres coitados que esperam o ônibus no ponto.
Um indivíduo veio em minha direção com um pedaço de madeira quadrado segurando em uma das mãos, como se fosse um garçom e com a outra mão ele manipulava três forminhas de metal de fazer empadinhas. Manipulava com uma agilidade espetacular. Os dedos sambavam sobre as forminhas, onde uma delas tinha uma bolinha que passava de uma para a outra.
-Quer tentar a sorte, parceiro? – disse ele sorrindo, com cara de primeiro otário da noite.
Não sei porque veio em minha mente uma frase que minha mãe dizia, sempre que lembrava do pai dela.
-Filho, seu avô sempre dizia... Quem aposta come bosta!
-Não, obrigado! – respondi assim que minha lembrança se dissipou de minha mente.
-Só uma!
-Obrigado, mas não!
Ele não gostou de minha atitude e ficou ali parado em um canto chamando quem quisesse tentar a sorte, como ele mesmo dizia. Um homem moreno apareceu, apostou e ganhou.
-É amigo! Você está com sorte hoje!
Eu percebi, que aquele cara era conhecido e chamariz de otários, pois ele antes do indivíduo das forminhas tentar me convidar, já nos olhava atento.
O jogo era a coisa mais perigosa para aquele que nunca jogou, pois se alguém ver que uma pessoa ganhou, à vontade dos demais de se arriscar começava a crescer também. O tal cara ganhou mais duas vezes.
-Puxa! Assim você irá quebrar a banca. – “reclamou” o manipulador.
Depois disso já havia oito caras que largaram o ponto do ônibus e foram se arriscar. Daí em diante só se viu derrotas pós-derrotas dos demais, enquanto o suposto ganhador anterior saiu a francesa.
De repente um homem com um terno escuro desceu de um ônibus que vinha do centro da cidade e ficou do meu lado também olhando a jogatina. Ele ficou ali uns vinte minutos só espreitando o manipulador de sortes alheias.
O dono da banca já estava recheando os bolsos com o dinheiro dos trabalhadores. O sorriso dele me incomodava, pois eu sabia que estava enganando os olhos dos clientes com a velocidade que manipulava as forminhas.
O homem do terno se aproximou depois que todos os demais haviam perdido mais do que deveriam gastar.
-Pena! Vocês não estão com sorte! Bem, eu já vou indo!
-Espere! – disse o cara do terno. – Eu gostaria de fazer uma aposta!
Depois que ele disse isso, eu resolvi me aproximar.
-Mas eu já parei!
-Ué? Não quer ganhar um dinheiro forte?
Quando o indivíduo do terno pronunciou dinheiro forte, os olhos do manipulador saltaram as órbitas.
-Quanto?
-Quanto você tem em seu bolso?
O cara pegou o bolo de dinheiro e contou:
-Trezentos reais! – disse ele.
-Eu cubro! Aposto mais trezentos!
Quando dei uma olhada em meu lado, havia uma multidão de curiosos.
-O jogo é o seguinte... – E explicou como se jogava.
-Certo! Você aí! – apontou para mim.
-Sim?
-Segure a grana! Põe nas mãos dele o trezentos reais.
Eu fiquei com seiscentos reais na mão, enquanto o cara movia com ambição as forminhas.
-PARE! – disse o cara do terno segurando a mão do indivíduo.
-Qual o senhor quer levantar?
-Nenhuma! Abre a mão, pois a bolinha está nela.
Conclusão: o cara do terno escuro saiu dali com mais trezentos reais, a banca foi quebrada em uma só jogada e eu retornei para casa feliz da vida por mais um espertinho sem dinheiro. Com esta brincadeira, deixei passar cinco ônibus, mas não me arrependo.
Re: Esperto demais se atrapalha
Adorei!
E dizem que o mundo é dos espertos.. hahaha!
Bj
E dizem que o mundo é dos espertos.. hahaha!
Bj
MiraCouto- Moderador do Clube
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