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Um Tal de Computador - Conto
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Um Tal de Computador - Conto
O velho Antônio sentado nos calcanhares, como um bom mineiro que é, fazia ali sossegadoo seu cigarrinho de fumo de rolo, calmamente e sem pressa, o que mais gosta de fazer, raspar o fumo e deixar a palha cair no papel amarelado e torce-lo até parecer cabelo de Maria Chiquinha. Colocando o cigarro na boca, Antônio Viola,como era mais conhecido pelas bandas, acendia seu fumo raspando o palito de fósforo na sola da botina.
A fumaça era amarelada e amarela ficava sua barba crespa, que era o contraste de seus cabelos lisos. Antônio parecia político. Todo mundo que passava na rua o cumprimentava, até os cachorros. Sua virtude e inteligência iam além, aprendeu
a ler na Bíblia sem a ajuda de ninguém, aprendeu tocar violão sem mestre.Um verdadeiro exemplo de autodidata.
Num desses dias de pura tranquilidade e muita fumaceira, Antônio recebeu a visita de outro mineiro, também da gema. José Firmino, este sim, com muito dinheiro, mas jamais deixou de falar com o seu velho amigo Antônio.
-Dia, Antonho!
-Dia, Firmino!
Firmino, que ia só cumprimentar de longe, resolveu voltar pra ter uns dedos de prosa com Antônio.
-Antônio...Eu tava aqui matutando o que o pastor falô lá na igreja!
-Uai, sô! O que ele falô, homi de Deus?
-Disse que nóis... Nóis tudo, bicho, pássaro, gente, vai tudo sumi num tal de ano 2000.
-Sumi como? Que trem é este que tu tá falando?
-Diz ele que nóis vai sumi feito fumaça... Que o tempo de todo mundo vai se acabar ao mesmo tempo... Pufff!
-Vai todo mundo mesmo ou argumas pessoas importantes?
-Vai todo mundo, e tem mais, as máquina... esse tar de computadô, tomará conta de tudo, fazendo tudo que nóis fais e mais melhor.
-Hum!... Um tar de computadô fazendo o que nóis fais. – Antônio coça a grande barba impressionado com a informação de Firmino.
-Bem, a prosa tava boa, mas eu tenho que fazer meus assuntos. Inté outro dia Antonho?
-Inté!
Depois daquele dia, Antônio não se agachava mais na porta como antes para fazer o
cigarro. Os dias se passaram, um mês, dois meses, três meses e nada do Antônio
aparecer. Más falas diziam que Antônio ficou impressionado demais com o fato de
que o mundo acabaria no ano 2000 e resolveu dar cabo da própria vida, da
mulher e das crianças, que não eram poucas, umas quinze ao todo.
Firmino, com sentimento de culpa, resolveu ir a casa do amigo saber o que aconteceu com Antônio. Ele não queria ser o culpado de uma tragédia coletiva, ainda mais envolvendo crianças inocentes.
Uma multidão de curiosos ficaram assistindo a penetração de Firmino na casa de Antônio. Todo mundo sabe, quando junta muita gente em uma grande aglomeração só pode ser três coisas: Estão jogando dinheiro, a porrada tá correndo solta ou tem defunto fresco.
Firmino entra pelo portão cheio de medo, atravessa o corredorzinho de entrada e nenhum sinal de vida. Pronto! Morreu todo mundo e a culpa é só minha... Somente minha... Por que eu não fiquei com a matraca fechada?... Mas eu não sabia que isso ia acontecer... Matei meu amigo e sua família com a minha língua.
Na ponta do pé, Firmino vai até a janela trancada e dá três pancadas com uma das mãos e lá de dentro veio uma voz;
-Sai da minha casa, maldito!
-Sou eu...Firmino!
-Firmino porra nenhuma, tu é o computadô querendo tomá minha casa que construí com sacrifício.
-Que computadô que nada, homi!... Sou eu mesmo, seu amigo...
Antônio nem esperou o amigo terminar de falar e o botou para correr, a base de tiro de garrucha. A multidão que estava assistindo saiu na mesma leva.
Antônio saiu portão afora e logo atrás veio sua esposa com um menino no colo.
-Tudo bem aí, benzinho?
-Pra tu vê só como esses computadô são os filho dos coisa ruim!... Inté o meu melhor amigo eles conseguiram fazê ingualzinho... Só que Antonho Viola é muito mais esperto que qualquer máquina.
-Vamos tumá um café?
-Vamos!
Abraçado com a esposa, Antônio nunca mais deixou um computadô se aproximar de sua casa.
(O personagem principal deste conto foi baseado no senhor Antônio Viola, meu avô. Mineiro uai sô!)
A fumaça era amarelada e amarela ficava sua barba crespa, que era o contraste de seus cabelos lisos. Antônio parecia político. Todo mundo que passava na rua o cumprimentava, até os cachorros. Sua virtude e inteligência iam além, aprendeu
a ler na Bíblia sem a ajuda de ninguém, aprendeu tocar violão sem mestre.Um verdadeiro exemplo de autodidata.
Num desses dias de pura tranquilidade e muita fumaceira, Antônio recebeu a visita de outro mineiro, também da gema. José Firmino, este sim, com muito dinheiro, mas jamais deixou de falar com o seu velho amigo Antônio.
-Dia, Antonho!
-Dia, Firmino!
Firmino, que ia só cumprimentar de longe, resolveu voltar pra ter uns dedos de prosa com Antônio.
-Antônio...Eu tava aqui matutando o que o pastor falô lá na igreja!
-Uai, sô! O que ele falô, homi de Deus?
-Disse que nóis... Nóis tudo, bicho, pássaro, gente, vai tudo sumi num tal de ano 2000.
-Sumi como? Que trem é este que tu tá falando?
-Diz ele que nóis vai sumi feito fumaça... Que o tempo de todo mundo vai se acabar ao mesmo tempo... Pufff!
-Vai todo mundo mesmo ou argumas pessoas importantes?
-Vai todo mundo, e tem mais, as máquina... esse tar de computadô, tomará conta de tudo, fazendo tudo que nóis fais e mais melhor.
-Hum!... Um tar de computadô fazendo o que nóis fais. – Antônio coça a grande barba impressionado com a informação de Firmino.
-Bem, a prosa tava boa, mas eu tenho que fazer meus assuntos. Inté outro dia Antonho?
-Inté!
Depois daquele dia, Antônio não se agachava mais na porta como antes para fazer o
cigarro. Os dias se passaram, um mês, dois meses, três meses e nada do Antônio
aparecer. Más falas diziam que Antônio ficou impressionado demais com o fato de
que o mundo acabaria no ano 2000 e resolveu dar cabo da própria vida, da
mulher e das crianças, que não eram poucas, umas quinze ao todo.
Firmino, com sentimento de culpa, resolveu ir a casa do amigo saber o que aconteceu com Antônio. Ele não queria ser o culpado de uma tragédia coletiva, ainda mais envolvendo crianças inocentes.
Uma multidão de curiosos ficaram assistindo a penetração de Firmino na casa de Antônio. Todo mundo sabe, quando junta muita gente em uma grande aglomeração só pode ser três coisas: Estão jogando dinheiro, a porrada tá correndo solta ou tem defunto fresco.
Firmino entra pelo portão cheio de medo, atravessa o corredorzinho de entrada e nenhum sinal de vida. Pronto! Morreu todo mundo e a culpa é só minha... Somente minha... Por que eu não fiquei com a matraca fechada?... Mas eu não sabia que isso ia acontecer... Matei meu amigo e sua família com a minha língua.
Na ponta do pé, Firmino vai até a janela trancada e dá três pancadas com uma das mãos e lá de dentro veio uma voz;
-Sai da minha casa, maldito!
-Sou eu...Firmino!
-Firmino porra nenhuma, tu é o computadô querendo tomá minha casa que construí com sacrifício.
-Que computadô que nada, homi!... Sou eu mesmo, seu amigo...
Antônio nem esperou o amigo terminar de falar e o botou para correr, a base de tiro de garrucha. A multidão que estava assistindo saiu na mesma leva.
Antônio saiu portão afora e logo atrás veio sua esposa com um menino no colo.
-Tudo bem aí, benzinho?
-Pra tu vê só como esses computadô são os filho dos coisa ruim!... Inté o meu melhor amigo eles conseguiram fazê ingualzinho... Só que Antonho Viola é muito mais esperto que qualquer máquina.
-Vamos tumá um café?
-Vamos!
Abraçado com a esposa, Antônio nunca mais deixou um computadô se aproximar de sua casa.
(O personagem principal deste conto foi baseado no senhor Antônio Viola, meu avô. Mineiro uai sô!)
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