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O Diário do soldado 038 - O alistamento.
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O Diário do soldado 038 - O alistamento.
Há momentos em nossa vida que todos os fatos se parecem com uma crônica, outras vezes se parece com um conto. Quando isso acontece, está na hora de contar para os outros. Mesmo que pareçam inacreditáveis tantos acontecimentos, eu colocarei aqui algumas histórias de 25 anos atrás de um soldado da força aérea: Eu.
Eu não tenho o costume de narrar histórias passadas comigo, mas resolvi contar estas depois de muito tempo pensando se deveria fazê-lo ou não, mas como já se passou um bom tempo, não custa nada compartilhar essas passagens interessantes com vocês leitores. Não espere um bravo soldado desbravando trilhas e acabando com inimigos, pois o Brasil não sabe o que é um combate desde da segunda Guerra Mundial. Mesmo assim o país só entrou nela, porque atacaram nossas embarcações aqui na costa. Tropa de paz no Haiti não vale como tal, pois tropa de paz é de paz e não de guerra.
Porém voltemos ao diário. Eu me lembro que meu pai me levou ao quartel para fazer o alistamento em um dia de verão carioca escaldante.
-Edson... – disse ele enquanto guiava – Lá você vai aprender muitas coisas como: organização, disciplina e a se virar na vida sem a ajuda de ninguém... Você pode achar que eu esteja fazendo isso de maldade, mas você verá no futuro, que isso aqui vai lhe ajudar muito na sua personalidade.
E ele tinha razão, até hoje uso o que aprendi no quartel, não igual, mas com algumas adaptações.
Eu e muitos rapazes de minha idade estávamos em um pátio esperando embaixo de um sol tropical de 37 graus centígrados, a chamada dos militares que inscreveriam os jovens. Eu percebia que a mesma cara de assustado que eu tinha, todos os demais não fugiam da regra.
-Talvez eu não fique! – disse um rapaz branquinho, que naquela hora da manhã parecia mais um tomate maduro de fim de feira: Vermelhão puro!
Como ninguém o fez perguntei eu:
-Por que?
-Sou arrimo de família.
-O que?
-Arrimo.
-Que porcaria é essa?
Arrimo era aquele rapaz que precisava trabalhar para ajudar em casa porque não tinha pai, ou outro parente próximo responsável pelo restante da família. Aquilo me comoveu, pois se via pelos olhos do rapaz, que ele queria seguir a vida militar. Coisa que eu não estava muito seguro em ser.
Depois de quatro horas de espera, temperatura beirando os 40 graus e algumas reclamações por causa do calor intenso, eles começaram a formar filas e inscrever os que ingressariam para proteger o país... Não sei de quem, mas proteger.
Quando chegou a minha vez, o sargento de rosto quadrado e de semblante fechado me olhou frio, se ele não fosse de carne e osso, eu pensaria que o rosto dele era feito de rocha.
-Você! Fala o nome, idade e o que veio fazer aqui?
Como se ele não soubesse.
-Me alistar.
-Você quer seguir a vida militar? – disse ele com aquele carinho que só um troglodita teria contra um dinossauro pronto para atacá-lo.
Pensei em meu pai.
-Quero!
-Então vá para aquele canto... PRÓXIMO! – Gritou ele ao rapaz que estava logo atrás de mim. Não necessitava gastar as cordas vocais com alguém tão perto.
Entrei em outra fila e lá fui obrigado a tirar a roupa para o exame coletivo, eu nunca tinha visto tanta gente pelada e de cores diferentes em um único lugar antes. O engraçado que todos estavam de braços cruzados, inclusive eu, talvez era porque não tínhamos bolsos para colocar as mãos. Um médico nos examinou levantando as partes intimas com um palito e nos fez entrar em outra fila, onde recebemos uma vacina que doía igual a ferroada de uma centena de abelhas africanas ao mesmo tempo. Doía tanto que até a clavícula não dava para se erguer.
-Que merda é esta? – perguntei ao cabo que fazia as aplicações.
-Anti-inflamatório!
Descobri que se tratava do pior anti-inflamatório já usado nos hospitais do país. A maldita vacina era usada para quem estava com sífilis, cancro duro, gonorreia e o escambau. E eu não tinha nenhuma delas, nem o tal do escambau.
E foi assim que adentrei na força militar. Ah! Meu braço só teve a mobilidade normal, pós vacina assassina, uma semana depois.
Eu não tenho o costume de narrar histórias passadas comigo, mas resolvi contar estas depois de muito tempo pensando se deveria fazê-lo ou não, mas como já se passou um bom tempo, não custa nada compartilhar essas passagens interessantes com vocês leitores. Não espere um bravo soldado desbravando trilhas e acabando com inimigos, pois o Brasil não sabe o que é um combate desde da segunda Guerra Mundial. Mesmo assim o país só entrou nela, porque atacaram nossas embarcações aqui na costa. Tropa de paz no Haiti não vale como tal, pois tropa de paz é de paz e não de guerra.
Porém voltemos ao diário. Eu me lembro que meu pai me levou ao quartel para fazer o alistamento em um dia de verão carioca escaldante.
-Edson... – disse ele enquanto guiava – Lá você vai aprender muitas coisas como: organização, disciplina e a se virar na vida sem a ajuda de ninguém... Você pode achar que eu esteja fazendo isso de maldade, mas você verá no futuro, que isso aqui vai lhe ajudar muito na sua personalidade.
E ele tinha razão, até hoje uso o que aprendi no quartel, não igual, mas com algumas adaptações.
Eu e muitos rapazes de minha idade estávamos em um pátio esperando embaixo de um sol tropical de 37 graus centígrados, a chamada dos militares que inscreveriam os jovens. Eu percebia que a mesma cara de assustado que eu tinha, todos os demais não fugiam da regra.
-Talvez eu não fique! – disse um rapaz branquinho, que naquela hora da manhã parecia mais um tomate maduro de fim de feira: Vermelhão puro!
Como ninguém o fez perguntei eu:
-Por que?
-Sou arrimo de família.
-O que?
-Arrimo.
-Que porcaria é essa?
Arrimo era aquele rapaz que precisava trabalhar para ajudar em casa porque não tinha pai, ou outro parente próximo responsável pelo restante da família. Aquilo me comoveu, pois se via pelos olhos do rapaz, que ele queria seguir a vida militar. Coisa que eu não estava muito seguro em ser.
Depois de quatro horas de espera, temperatura beirando os 40 graus e algumas reclamações por causa do calor intenso, eles começaram a formar filas e inscrever os que ingressariam para proteger o país... Não sei de quem, mas proteger.
Quando chegou a minha vez, o sargento de rosto quadrado e de semblante fechado me olhou frio, se ele não fosse de carne e osso, eu pensaria que o rosto dele era feito de rocha.
-Você! Fala o nome, idade e o que veio fazer aqui?
Como se ele não soubesse.
-Me alistar.
-Você quer seguir a vida militar? – disse ele com aquele carinho que só um troglodita teria contra um dinossauro pronto para atacá-lo.
Pensei em meu pai.
-Quero!
-Então vá para aquele canto... PRÓXIMO! – Gritou ele ao rapaz que estava logo atrás de mim. Não necessitava gastar as cordas vocais com alguém tão perto.
Entrei em outra fila e lá fui obrigado a tirar a roupa para o exame coletivo, eu nunca tinha visto tanta gente pelada e de cores diferentes em um único lugar antes. O engraçado que todos estavam de braços cruzados, inclusive eu, talvez era porque não tínhamos bolsos para colocar as mãos. Um médico nos examinou levantando as partes intimas com um palito e nos fez entrar em outra fila, onde recebemos uma vacina que doía igual a ferroada de uma centena de abelhas africanas ao mesmo tempo. Doía tanto que até a clavícula não dava para se erguer.
-Que merda é esta? – perguntei ao cabo que fazia as aplicações.
-Anti-inflamatório!
Descobri que se tratava do pior anti-inflamatório já usado nos hospitais do país. A maldita vacina era usada para quem estava com sífilis, cancro duro, gonorreia e o escambau. E eu não tinha nenhuma delas, nem o tal do escambau.
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